
Dia Mundial da Água
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© Isa Lisboa
Há dias numa reunião de trabalho, um colega brincou, dizendo “a culpa disto tudo é da Susete!”
Ri-me interiormente porque, no meu anterior trabalho, os meus colegas usavam muito esta frase. Tornou-se tal a tradição de dizer esta frase que, no meu último dia na empresa, recebi de presente uma tshirt que não me deixa esquecer que a culpa é minha.
Ao ouvir a frase repetida, dei por mim a perguntar se será verdade que a culpa morre sempre solteira ou se decidiu casar-se comigo. Mesmo que eu não tenha dito o famigerado “Sim!”.
Isto da culpa é um casamento difícil de manter. E dificilmente é um casamento feliz. Quer digamos sempre “Sim”, quer digamos sempre “Não”.
Se assumirmos sempre as culpas de tudo, somos aquela pessoa do casal que ama sempre pelos dois. Se formos a que sempre atira a culpa para o outro lado… bom, existe uma certa probabilidade de recebermos um pedido de divórcio, em algum momento.
É por isso que prefiro a palavra “responsabilidade”.
Ser responsável é tomar decisões e assumir os efeitos dessas decisões. É sermos crescidos, viver tanto com o que pode vir de bom, como de mau. E procurar corrigir os efeitos maus, na totalidade das nossas possibilidades. Também é conseguir viver com o facto de que, às vezes, não conseguiremos reparar o que correu mal.
Se a culpa morreu solteira, desejo que a responsabilidade encontre um casamento feliz e duradouro.
© Isa Lisboa
Por vezes a vida apresenta-nos desafios. A resposta pode ser saltar e construir as asas na descida. Mas também pode ser parar e reflectir, de forma a encontrar a melhor forma de os ultrapassar.
E o que tudo isto tem de divertido é que ambas as reações podem estar certas, dependendo do contexto.
É por isso que a vida tem o seu quê de difícil e o seu quê de entusiasmante. Enquanto o coração se agita, estamos realmente a viver. E isso só pode ser bom.
Isa Lisboa
Este ano temos um carnaval diferente. As máscaras não podem sair à rua, e não podemos extravasar a alegria como de costume.
Precisamos talvez lembrar-nos que a alegria está em nós e que enquanto a soubermos encontrar, pouco importa o dia no calendário.
Espreitem para lá da máscara e do samba que hoje não toca e lembrem-se de onde são alegres!
Isa Lisboa
“Não há factos eternos, como não há verdades absolutas.”
Friedrich Nietzche
Gosto muito desta frase e acho que é algo importante lembrar.
Lembrar, mas não para a atirar a quem tem uma opinião diferente da nossa. É uma boa frase para atirarmos a nós mesmos.
Vivemos um tempo de medos, que me parece estarem a fazer muitas verdades absolutas. E isso dá-me medo.
Tenho medo dos efeitos do vírus na vida, na saúde, e nos sistema de saúde. Tenho medo dos efeitos do vírus no aumento da fome, na perda de condições de subsistência e condições de vida mínimas, na saúde mental.
Mas também tenho cada vez mais medo da intolerância.
Já no pré – covid a via muitas vezes.
Mas as vagas de covid trouxeram novas vagas de verdades absolutas e ataques a quem tem opiniões diferentes. Como se essa opinião fosse também um vírus.
Concedo que algumas ideias se possam assemelhar a vírus, incluindo as suas consequências nefastas.
Mas pensemos em algo de inovador: e se a opinião do outro, for apenas uma visão de alguém que vive uma realidade diferente da nossa? Que
também sofre, mas com dificuldades diferentes das nossas? E que talvez (vá, só um esforço de imaginação), talvez, por isso pense de forma diferente da nossa?
Talvez o sacana egoísta do lado nos veja a nós como sacanas egoístas. Já pensaram nisso?
Isto assusta-me. Assustam-me as verdades absolutas, fechadas sobre si próprias. Assusta-me que estejamos a tentar salvar uma sociedade que se esqueceu de que o outro não é apenas quem pensa igual a si. Uma sociedade que cada vez mais deixa de saber como se colocar no lugar do outro.
Termino como comecei, com uma citação:
“Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até à morte o seu direito de dizê-las.”
Voltaire
© Isa Lisboa
Nestes dias atípicos, fazer uma caminhada tem sido uma excelente forma de desentorpecer as permas e de manter a mente calma. Porque uma caminhada também pode funcionar como um exercício de meditação.
Também tem sido uma descoberta de pormenores e cores muitos bonitas, como este, e outros que tenho partilhado no meu Instagram (isa_lisboa_escritora).
E vocês, têm o hábito de fazer uma caminhada?
Isa