Imaginação de Einstein (E outras divagações)

“É mais importante ter imaginação do que conhecimento.”

Albert Einstein

Sem dúvida que o conhecimento é importante. Sem ele, o mundo não conheceria o progresso, as revoluções científicas.

Alguns argumentarão que, sem o conhecimento, ainda viveríamos em cavernas.

Mas também me parece que foi a imaginação que nos tirou de lá.

Devem ter existido mentes que imaginaram uma vida diferente da de sobrevivência diária. Uma vida diferente de caçar ou ser caçado.

E deve ter havido quem se atreveu a testar essa imagem imaginada. Essa vida utópica, que a tantos parecia impossível.

Essa coisa de “ser feliz” devia parecer ainda mais estranha no tempo das cavernas. Mais estranha do que é hoje.

Sim, porque ainda hoje nos sentimos tentados a acreditar que, ou caçamos ou somos caçados. Que ganhamos ou perdemos.

Mas ganhamos o quê? Que prémio é esse? Sabes qual é esse prémio pelo qual tanto lutas? Esse prémio em nome do qual te esqueces de ti, dos teus valores, dos teus desejos? Esse prémio em nome do qual passas por cima de todos os que são fracos (ou assim os julgas tu)? Sabes?

Quando corres, sabes para onde? Sabes se realmente vale a pena correr e se queres até correr? E se estiveres a correr só por habituação? Ou porque julgas que tens uma meta a cortar?

Pois é, essa coisa de ser feliz ainda parece meio estranha. E custa pôr o nariz de fora da caverna, não é?

Divago? Ah, imaginação a mais.

Dirão alguns. Dirão alguns, de lá de dentro da caverna.

© Isa Lisboa

Quem ganhou a discussão?

Há algum tempo, numa loja, presenciei uma discussão entre mãe e filha. Estava na caixa e no balcão elas tinham dois vasos de flores. Quando a funcionária da loja passou o código de barras, aperceberam-se de que o preço das plantas era diferente. De imediato, a mulher mais nova reclamou. A funcionária da loja explicou que uma das plantas era, efectivamente mais cara, e que até poderiam confirmar, pois as plantas estavam expostas na caixa ao lado.

“Então não levamos!” – respondeu logo a primeira. Mas a mãe reagiu de imediato, pegando logo no vaso e dizendo “Não, não, mas eu quero levar esta planta, porque gosto dela.”

A discussão teve mais algumas trocas de palavras, em que a filha opinava que era uma estupidez levar uma planta tão cara, e a mãe opinava que ia levar na mesma.

Fiquei um pouco a observar esta troca de palavras e a pensar o quanto aquela discussão não tinha nada a ver com a planta propriamente dita.

Pareceu-me antes ser uma disfarçada luta de poder, uma luta para ter razão e impor a sua própria opinião.

Talvez a mãe não gostasse assim tanto da planta e noutras circunstâncias não a levasse. Talvez a filha não achasse o preço assim tão elevado e noutras circunstâncias até a comprasse para a mãe.

Talvez. Não posso saber. Mas o que acredito é que, naquele momento, o Orgulho foi quem ganhou a discussão.

© Isa Lisboa

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