Underworld

Took a peek

Inside myself

At first sight

Nothing I knew

Ventured to go further

Still

Nothing I’ve ever seen

Where does it all

Cames from?

How can it be me

In the eye of a storm?

Shall I risk

To travel deeper?

How many layers

Of me are there?

If I dare

Will I be able to came back

From behind the mirror?

 

© Isa Lisboa

Photo by Jenna Hamra on Pexels.com

Ghosts

Let go of the past

Old ghosts will never

Fill your soul.

Don’t believe them

When they whisper promises;

They will feed on what’s left

And when all is hallow

They will take you

For their home

You won’t even notice

Your heart going cold

Then one day

It will stop

And you will become a ghost

Too…

© Isa Lisboa

Photo by Pedro Figueras on Pexels.com

Inevitável, parece-me

Este braço

Esta pele branca

As veias que saltam.

Movem-se, sinto-as.

Sinto o pulsar,

A correria

A fome e a sede.

Sei que o sangue

Corre nestas veias.

Difícil por vezes

Entender para onde.

Qual o caminho.

Se fechar os olhos em silêncio

Parece-me que

Consigo ouvir

Como se fosse riacho

Que quer chegar

Ao mar.

Este braço

Esta pele branca.

Os abraços dados

Tal como os perdidos

A mão que estendo

Para um mundo

Que não está lá.

Imbuído

Ou embutido.

Se eu soubesse

Que o mundo

Era este lugar

Tentaria mudá-lo?

Inevitável, parece-me.

O sangue

Que me corre nestas veias

Chama-me.

Mas ignorá-lo,

Não me é possível.

 

© Isa Lisboa

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Bang!

Quadrada. Com arestas. Que se encontram em ângulos precisos. Com um igual do outro lado. E do outro também. Medidas certas. Apuradas à melhor geometria.

Pode até começar assim, e há quem não saia dessa forma.

Mas em dada altura, há quem procure a forma da pirâmide. Depois a esfera. Ainda talvez presos à ideia da geometria.

Mas por vezes, para lá, muito para lá, há um relâmpago luminoso. Surge forma nova, geometria reinventada.

Assim o Homem descobriu o fogo, inventou a roda, viajou até à lua.

Até o próprio Universo terá nascido de um simples pensamento fora da caixa…: Bang!

Isa Lisboa

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Humana

Não acredito

Em falsos deuses

Tão-pouco

Em falsos não-deuses.

Difícil que seja

Todavia

Distinguir

Uns de outros

Leigos disfarçados

De sábios

Sábios disfarçados de leigos.

Tantas verdades

Perigosamente dogmas

Ilusões

Que prometem fazer-te

Escapar-lhes…

Humana apenas

Nada mais ofereço.

 

© Isa Lisboa

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Annonymous pain

There is

An annonymous pain

That one you feel

When a part of you dies

Greater than the pain;

When you are the one

To inflict

The final

Merciful

Stroke.

There are times

The sword must be risen

We know it

Don’t want it

But it has to be done.

That one dead limb

Must be eliminated

The fight

Is for survival

Of the best in you

Of the light

Hidden in the dark.

We face the choice

Of letting go

Cutting loose

Until there’s

Nothing left

But who you were in the beginning

.

.

.

Do you remember who you were in the beginning?

Do you remember

Who you were

Before the pain?

Do you remember what caused the pain?

 

© Isa Lisboa

Photo by lilartsy on Pexels.com

Criatividade

Criatividade é atirares-te para o abismo sem saberes se as asas vão crescer na descida. É amar tanto a sensação de voar como a possibilidade da queda. É saber que ambas têm a possibilidade de dar à luz algo novo.

Criatividade é ter medo das alturas, mas subir na mesma. Fazer de conta que o chão está perto e usar a sensação de vertigem para criar a sensação de planar.

Criatividade é estar com os pés assentes no chão e imaginar que eles se tornam raízes. E que nos tornamos árvores, e esticamos os braços para o céu.

Criatividade é sonhar a realidade, esquecer que ela existe e ao mesmo tempo reinventá-la.

Criatividade é atrever-se. Nada é mais arriscado do que sair da norma. Mas nada é mais necessário também.

Agitar as águas, para que se formem rios e mares e lagos. Criar novos oceanos, para descobrir novas terras ao cruzá-los.

Criatividade é uma espécie de dor que alivia, um fogo que refresca. Não se compreende, não tem lógica. Muitas vezes feia, tantas vezes bela.

Criatividade é uma assinatura. É deixar a alma sair e imprimir-se no mundo. Deixá-la correr, cantar, dançar, arrancar as roupas e rebolar na terra, como antes de vir ao mundo.

Criatividade é regressar àquele lugar onde tudo é possível.

Criatividade é regressar a mim.

 

© Isa Lisboa

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Perdi uma pena

 

Naquele dia, ele não sabia que ia ficar mais leve.

Acordou calmamente, como de costume e sacudiu as pequenas gotas de orvalho que caíram por entre as folhas das árvores.

Mas a par das gotinhas, saltou-lhe uma pena. Flutuou por um tempo microscópico e começou a cair em direção ao chão.

Intrigado, deu às asas e desceu atrás dela, até ela aterrar em cima das folhas caídas no chão.

Observou-a atentamente. Era pequena, mas grande ao mesmo tempo. Procurou ao longo do corpo de onde teria saído. Teria um buraco na plumagem? À primeira vista, parecia que não.

Tocou-lhe com o bico e pareceu-lhe macia. As cores pareciam diferentes de quando as limpava. Terminava numa espécie de bico também, provavelmente onde estava antes presa a si.

Enquanto a comtemplava, viu-a levantar-se, puxada por uma brisa mais forte. Movia-se no ar, rodava sobre si mesma, como se fosse agora um corpo próprio.

Ergue-se até perto dela para a observar melhor e a brisa começa a ficar mais forte, puxando-a para mais longe.

Seguiu-a, decidido a não a perder, e continuando a erguer-se. Sentia-se um pouco mais cansado, mas não podia perder a sua pena.

Quando já não conseguia mais, percebeu que tinha voado mais alto que alguma vez se atrevera e o seu pequeno coração apertou-se.

Olhou nervosamente para baixo e teve vontade de descer. Mas tinha ido atrás da sua pena. Olhou à volta e já não a viu em lado nenhum.

Subira demasiado e ainda por cima perdera a sua pena! Mas o que estava ele a pensar? Para que é que se arriscou para tão longe do seu galho? Ainda por cima com menos uma pena!

Olhou à volta à procura de outros pássaros, mas estava sozinho.

Ia começar a descer, mas pelo canto do olho vislumbrou algo fascinante. Olhou à volta e viu. Árvores, árvores e mais árvores. Tantas mais que aquelas que conseguia alcançar do seu galho.

Devia ser disto que ouvia alguns pássaros mais atrevidos a falar.

Devia ser isto a floresta.

 

© Isa Lisboa

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Movimento

Caos e Ordem

Movimento contínuo

Caótico e Ordenado

No turbilhão do meio

Estou eu

Vezes água

Vezes fogo

Algumas sem saber.

Que importa

Tantas vezes

Se a vida pulsa

E o coração se entusiasma.

Tivesse eu nascido

Definida

Certa

Com todos os nomes dados.

Seria rio em vez de mar

Calor em vez de chama.

Pouco seria deste Eu

Que não se contenta

Quer sempre mais

Descobrir mais

Pisar outros sítios

Aprender o novo

Questionar.

Pouco seria de mim

Ainda bem que vos abraço

Caos e Ordem.

Assim sou movimento

Entre um e outro

Vento

De ponta a ponta

Deste meu Mundo.

Viajo

E acalmo.

Apenas para partir de novo!

 

© Isa Lisboa

Isa Lisboa, Escritora e Sonhadora