Nasci na Primavera de 79 em Abrantes, rodeada de verde, num país rodeado de azul. A Isa Lisboa, o meu eu que põe palavras no papel, nasceu oficialmente em Março de 2011, quando iniciei o meu primeiro blog, o Instantâneos a preto e branco. Mas ela estava comigo desde cedo, desde os primeiros cadernos que lentamente se foram enchendo de palavras. Na realidade, terá estado comigo desde sempre, sempre fomos duas, numa alma que não se contenta em viver apenas uma parte de si mesma e que procura assim ser una.

 

Se eu sou duas

Minhas almas são várias.

Indecifrável?

(Eu)nigma, um haiku de Isa Lisboa

Se me pedirem a biografia…

Começarei por lembrar como senti em mim o gosto pela leitura nos primeiros anos de escola. Ainda na primária, descobri o Principezinho e a Fada Oriana, dois livros que recuperei recentemente  para a minha biblioteca pessoal. Bom é lembrar também as pequenas composições que há uns anos encontrei nos cadernos dessa altura, descansando no sótão da casa dos meus pais.

Foi poucos anos mais tarde que comecei a deixar ideias e prosas em cadernos anónimos que, ano após ano, meio cladestinamente, foram convivendo com as ciências matemáticas. Esses cadernos guardam as primeiras mostras daquilo que viria a revelar-se mais do que uma simples forma de verbalizar – por vezes desabafar – alguns dos meus pensamentos. Devagar, comeci a tentar brincar com as palavras, juntá-las de formas menos óbvias, a escrever sobre sentimentos mais profundos.

Actuária de profissão, lidando com números e exatidões todos os dias, nunca perdi o apelo pelo outro lado de mim, o que gosta de imaginar e explorar novos mundos. O meu lado que sabe que há mais do que um simples vislumbre pode captar, por vezes é preciso olhar fundo. O meu Eu que se queria conhecer e reconhecer sempre foi inquieto. A leitura e a escritasempre o apaziguaram.

E foi num período em que a inquietação me levou a caminhos de mudança, que descobri o gosto por partilhar a minha escrita. Ouvindo uma vozinha que me sussurrava, decido tirar da gaveta os meus cadernos antigos e partilhar alguns dos textos neles guardados.  Foi assim que,em 2011, iniciei o meu primeiro blogue, Instantâneos a preto e branco, onde até recentemente venho publicando o que me sai dos dedos para o papel em branco, em forma de prosas poéticas, poesias, contos . Meses mais tarde, criei o blog Os dias em olho o mundo, onde deixei algumas pequenas visões sobre este mundo que me é dado observar.

Participei ainda de blogs colectivos, onde conheci muitos autores talentosos, que me fizeram explorar também novas formas de ler e escrever. Foram eles, o Tubo de Ensaio, o Beco de Ideias e o Pense fora da Caixa. Este último já não está disponível, mas os meus trabalhos podem ser lidos nos outros dois blogs.

Após algum tempo de partilha na blogoesfera, chegou então o momento de ouvir um sonho que até aí não me tinha atrevido a reconhecer que tinha: escrever um livro. E porque o Sonho nos leva a avançar, assim a minha caneta avançou e, conto a conto, se formou o Invernos, Sonhos e Andorinhas, o meu primeiro livro, lançado a 17-10-2015. Neste livro, partilho também uma das minhas (raras) aventuras nos rabiscos a carvão. Neste livro poderão encontrar Sonhos. Certo que alguns foram perdidos, deixados para trás. Mas também é certo que eu sempre acreditei nos finais felizes das histórias que li em criança. E por isso, vieram também as andorinhas, para puxar os sonhos e os fazerem voar.

E, 5 anos depois do início da aventura, encosto a porta dos meus primeiros blogs. E rodo a chave deste novo projecto, mais pessoal, que pretende explorar com vocês as várias facetas da Isa. E descobrir todas aquelas que ainda esperam para me surpreender também a mim.

E então, se me pedirem a biografia?

Direi: Se acreditasse poder definir-me numa só palavra, diria que a Isa Lisboa é uma escritora. Como são precisas muitas, direi que sou tudo o que vejo.