
Gosto do objetivo de ser feliz. É um bom objetivo a ter em mente a cada novo dia.
Procurar sempre a felicidade, parece-me uma boa demanda. Mas ter que ser sempre feliz, é apenas mais uma forma de ser infeliz sem o saber. Ou sem o querer admitir.
Explico. Tempos difíceis sempre existirão. E tristeza, angústia, preocupação são reações normais e expectáveis nessas situações. Há uma diferença entre reagir a essas situações, procurando melhorá-las, e entre dizer que está tudo bem – quando não está.
Acredito no otimismo como força construtora e reformadora. Mas, para mim, otimismo é acreditar que tudo pode ficar melhor, acompanhando esse sentimento de ação. E de reconhecimento.
Ficarmos agarrados ao martírio, à sensação de que o Destino nos fintou e nada ficará, nunca, jamais, bem… Isso não ajuda. Só vai empurrar-te para baixo. Na melhor das hipóteses, não vai deixar-te sair do sítio.
Mas ficar agarrado à sensação de que está tudo bem, mesmo quando não está, é igualmente um obstáculo. Esperar que tudo melhore milagrosamente, só te tira oportunidades. Oportunidades de criar resiliência, por exemplo. Antes pelo contrário; quando o tal milagre não acontece, o mundo desaba e o abismo fica assustadoramente mais perto.
Obrigares-te a estar sempre feliz, priva-te de ver aquilo que já não queres para ti, o que já não te faz bem.
Estares sempre à espera de um milagre, priva-te de veres que o milagre és tu. A tua capacidade de te reinventares, de lutares, de reagires.
Procura ser feliz, não deixes que te digam que não podes sê-lo. Mas também não deixes que te digam que tens que ser sempre feliz.
Permite-te sentires-te triste, mas não permitas que a tristeza fique para sempre. Deixa que ela fale contigo, mas responde só quando ela merecer resposta.
Não tens mesmo que ser (sempre) feliz. Mas podes escolher ser feliz. Podes escolher ser (realmente) feliz.
© Isa Lisboa