Já por duas vezes encontrei nas redes sociais uma crítica que me pareceu curiosa. O post apresentava uma foto com escaparates com os dois livros de Mark Manson: “A arte subtil de dizer que se f*da!” e “Está tudo f*dido”.
Resumindo, o conteúdo da crítica resumia-se às ideias: “Não li o livro” e “Não tenho nada contra asneiras, mas isto era mesmo necessário?”
Das duas vezes achei muito divertida esta leitura pela capa. Apenas li o primeiro dos livros, mas esse é um livro em que são passadas algumas mensagens sobre a vida e o desenvolvimento pessoal. Curiosamente, temas sobre os quais estas chocadas leitoras com a capa muito postam nas redes.
Lembrei-me de o Mark contar na introdução que o questionaram se ele devia mesmo publicar um livro com aquele título. E ele disse: claro que sim! Ao ler este comentário pela segunda vez, pensei: “Mark, tu sabia-la toda!”
Também me lembrei do nosso conterrâneo Miguel Esteves Cardoso e do seu “O amor é f*dido!”. Li esse livro há muitos anos, quando andava no secundário ou na faculdade;não sei precisar. Vá lá, não haja quem fique chocado por eu ter lido esse livro tão nova. Na verdade ainda não sabia o que era o amor, mas já intuía que era f*dido!
Mas se as personagens do Miguel acabam por demonstrar que o amor é realmente f*dido – pelo menos para eles, que passaram a vida um bocado f*didos – o mesmo não se passa no livro do Mark.
True, que ele às vezes diz “Que se f*da!”. Mas para demonstrar que por vezes é preciso virar a mesa, dizer não. Mas que também não podemos apenas dizer “Que se f*da!” a tudo na vida. Senão, onde fica aquela responsabilidade? Pois, às vezes queremos evitá-la. E é confortável. Mas, se o fizermos sempre, aí não é só a capa que fica f*dida, é a p*rra da vida toda. E podes botar a culpa em “tódo’o mundo”, na família, nos professores, nas instituições – no que tu quiseres. Mas a verdade é que ninguém é melhor do que tu a f*der a tua vida.
So… faz-te à vida e unfuck yourself!
Ai, ai, que cometi o erro gramatical de misturar calão, inglês e ainda calão em inglês! Olha, apeteceu-me!
E que se f*da a capa, e que se f*dam os palavrões, e que se f*da o que não se pode dizer. Que se f*da tudo o que se f*deu durante a vida. O que importa é apanhar os cacos e continuar. Reerguer.
Que se f*da a pedra no sapato, quem o quiser dizer. Mas eu cá, vou tirá-la, arrancá-la e continuar. É para a frente que quero ir, e a olhar para a pedra no sapato…. Não chego a lado nenhum.
E a vida, em algum ponto do caminho, há-de voltar a ficar lixada com F grande. But…that’s life. Se estavas à espera que te servissem a vida numa bandeja de prata, estás… já sabes: enganad@.
Pois é, o amor é f*dido, a vida é f*dida, mas… também é tudo muito bom, e, já que aterrámos por cá… ‘Bora lá viver e deixar as capas. Se não, a vida tem um bocadinho menos de piada!
© Isa Lisboa