Há uma montanha

Há uma montanha

Num sítio que ninguém sabe

Mas que todos vêm

Há uma montanha

Que parece um homem

Dias há em que parece

Que dorme a sua tristeza

Dias outros

Parece que descansa a sua paz

Talvez a montanha

Não seja um homem

Seja a mulher

Que sou eu

E os sentimentos sejam meus.

© Isa Lisboa

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Imaginação de Einstein (E outras divagações)

“É mais importante ter imaginação do que conhecimento.”

Albert Einstein

Sem dúvida que o conhecimento é importante. Sem ele, o mundo não conheceria o progresso, as revoluções científicas.

Alguns argumentarão que, sem o conhecimento, ainda viveríamos em cavernas.

Mas também me parece que foi a imaginação que nos tirou de lá.

Devem ter existido mentes que imaginaram uma vida diferente da de sobrevivência diária. Uma vida diferente de caçar ou ser caçado.

E deve ter havido quem se atreveu a testar essa imagem imaginada. Essa vida utópica, que a tantos parecia impossível.

Essa coisa de “ser feliz” devia parecer ainda mais estranha no tempo das cavernas. Mais estranha do que é hoje.

Sim, porque ainda hoje nos sentimos tentados a acreditar que, ou caçamos ou somos caçados. Que ganhamos ou perdemos.

Mas ganhamos o quê? Que prémio é esse? Sabes qual é esse prémio pelo qual tanto lutas? Esse prémio em nome do qual te esqueces de ti, dos teus valores, dos teus desejos? Esse prémio em nome do qual passas por cima de todos os que são fracos (ou assim os julgas tu)? Sabes?

Quando corres, sabes para onde? Sabes se realmente vale a pena correr e se queres até correr? E se estiveres a correr só por habituação? Ou porque julgas que tens uma meta a cortar?

Pois é, essa coisa de ser feliz ainda parece meio estranha. E custa pôr o nariz de fora da caverna, não é?

Divago? Ah, imaginação a mais.

Dirão alguns. Dirão alguns, de lá de dentro da caverna.

© Isa Lisboa

Qual a velocidade do teu piloto automático?

Lembro-me de ter visto no Facebook um post cómico, com uma imagem que dizia algo como “Amanhã, das 10h às 12h, estarei a vender limonada, à porta da minha casa. Preço: 1€ por copo.” Seguiam-se comentários como: “Quando?”, “Onde?”, “A que horas?”, “Qual é o preço?”.

Este era um post cómico, mas que é, na verdade, bastante real. Vejo muitas vezes este fenómeno, de ver, ler e ouvir em cruz, sem realmente absorver a mensagem, sem se dar tempo de a entender.

Nas redes sociais, já o vi várias vezes em páginas e grupos. Já me aconteceu ter comentários na minha página em que percebi que apenas a primeira frase tinha sido lida e, por isso, a mensagem do texto havia ficado perdida no éter social.

Mas se as redes sociais nem sempre espelham a vida, também podem ser um micro-cosmos dela.

Parece-me ser este um dos casos. Viver em piloto automático é tentador. A sociedade actual incentiva-o. Precisas fazer, e fazer instantaneamente.

Temos muitas opções de fast food, mas assim como podemos escolher o alimento para o corpo, também podemos escolher o alimento para a mente e para o espírito.

Pergunta-te a ti mesmo(a): queres alimentar a mente e o espírito com comida pré-cozinhada e pronta para o micro-ondas? Ou preferes uma refeição acabada de fazer, ainda que te dê mais trabalho?

Em função da tua resposta, escolhe a velocidade do teu piloto automático.

© Isa Lisboa