Inevitável, parece-me

Este braço

Esta pele branca

As veias que saltam.

Movem-se, sinto-as.

Sinto o pulsar,

A correria

A fome e a sede.

Sei que o sangue

Corre nestas veias.

Difícil por vezes

Entender para onde.

Qual o caminho.

Se fechar os olhos em silêncio

Parece-me que

Consigo ouvir

Como se fosse riacho

Que quer chegar

Ao mar.

Este braço

Esta pele branca.

Os abraços dados

Tal como os perdidos

A mão que estendo

Para um mundo

Que não está lá.

Imbuído

Ou embutido.

Se eu soubesse

Que o mundo

Era este lugar

Tentaria mudá-lo?

Inevitável, parece-me.

O sangue

Que me corre nestas veias

Chama-me.

Mas ignorá-lo,

Não me é possível.

 

© Isa Lisboa

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