Naquele dia, ele não sabia que ia ficar mais leve.
Acordou calmamente, como de costume e sacudiu as pequenas gotas de orvalho que caíram por entre as folhas das árvores.
Mas a par das gotinhas, saltou-lhe uma pena. Flutuou por um tempo microscópico e começou a cair em direção ao chão.
Intrigado, deu às asas e desceu atrás dela, até ela aterrar em cima das folhas caídas no chão.
Observou-a atentamente. Era pequena, mas grande ao mesmo tempo. Procurou ao longo do corpo de onde teria saído. Teria um buraco na plumagem? À primeira vista, parecia que não.
Tocou-lhe com o bico e pareceu-lhe macia. As cores pareciam diferentes de quando as limpava. Terminava numa espécie de bico também, provavelmente onde estava antes presa a si.
Enquanto a comtemplava, viu-a levantar-se, puxada por uma brisa mais forte. Movia-se no ar, rodava sobre si mesma, como se fosse agora um corpo próprio.
Ergue-se até perto dela para a observar melhor e a brisa começa a ficar mais forte, puxando-a para mais longe.
Seguiu-a, decidido a não a perder, e continuando a erguer-se. Sentia-se um pouco mais cansado, mas não podia perder a sua pena.
Quando já não conseguia mais, percebeu que tinha voado mais alto que alguma vez se atrevera e o seu pequeno coração apertou-se.
Olhou nervosamente para baixo e teve vontade de descer. Mas tinha ido atrás da sua pena. Olhou à volta e já não a viu em lado nenhum.
Subira demasiado e ainda por cima perdera a sua pena! Mas o que estava ele a pensar? Para que é que se arriscou para tão longe do seu galho? Ainda por cima com menos uma pena!
Olhou à volta à procura de outros pássaros, mas estava sozinho.
Ia começar a descer, mas pelo canto do olho vislumbrou algo fascinante. Olhou à volta e viu. Árvores, árvores e mais árvores. Tantas mais que aquelas que conseguia alcançar do seu galho.
Devia ser disto que ouvia alguns pássaros mais atrevidos a falar.