Há algum tempo, numa loja, presenciei uma discussão entre mãe e filha. Estava na caixa e no balcão elas tinham dois vasos de flores. Quando a funcionária da loja passou o código de barras, aperceberam-se de que o preço das plantas era diferente. De imediato, a mulher mais nova reclamou. A funcionária da loja explicou que uma das plantas era, efectivamente mais cara, e que até poderiam confirmar, pois as plantas estavam expostas na caixa ao lado.
“Então não levamos!” – respondeu logo a primeira. Mas a mãe reagiu de imediato, pegando logo no vaso e dizendo “Não, não, mas eu quero levar esta planta, porque gosto dela.”
A discussão teve mais algumas trocas de palavras, em que a filha opinava que era uma estupidez levar uma planta tão cara, e a mãe opinava que ia levar na mesma.
Fiquei um pouco a observar esta troca de palavras e a pensar o quanto aquela discussão não tinha nada a ver com a planta propriamente dita.
Pareceu-me antes ser uma disfarçada luta de poder, uma luta para ter razão e impor a sua própria opinião.
Talvez a mãe não gostasse assim tanto da planta e noutras circunstâncias não a levasse. Talvez a filha não achasse o preço assim tão elevado e noutras circunstâncias até a comprasse para a mãe.
Talvez. Não posso saber. Mas o que acredito é que, naquele momento, o Orgulho foi quem ganhou a discussão.
© Isa Lisboa