E se não tivesse sido assim?
Quem pode dizer que os erros conhecidos são maiores que os acertos desconhecidos? Porque acertos não sabemos se seriam, todavia.
E se nos perdêssemos dos caminhos aonde os erros nos levariam; quem sabe? Quem pode dizer que não se revelariam os caminhos certos? Quem sabe dizer, antes de os percorrer? Adivinhos, astrólogos, tarólogos, conselheiros, podem ter pistas.
Mas apenas gastando solas podemos fazer caminhos.
São os caminhos que nos levam aos nossos destinos. Alguns bons, outros nem tanto. Mas é essa a beleza de viver, ser surpreendida. Saltar de alegria quando gostamos do sítio aonde chegamos. Aceitar quando não gostamos. Aceitar, para a seguir encontrar novos caminhos.
Ninguém disse que tem que ser sempre assim. Que tens que jogar com aquelas cartas porque foram as que te calharam. É assim em alguns jogos de cartas; mas não em todos. Há alguns em que podes deitar fora as cartas que não te servem e procurar outras.
Mas na vida nem sempre podes escolher o jogo, dir-me-ão.
Verdade.
Mas às vezes podes.
Aí é que está o desafio. Distinguir uma da outra. Distinguir quando a vida te dá uma mão que podes trocar e quando a vida te obriga a jogar com aquelas cartas.
E quando assim é, tem que ser. Tens que jogar. E se tens que jogar, traz ao de cima o jogador que há em ti. Joga o melhor que sabes. Chama pela tua experiência. Já jogaste antes. A mão que te calhou não foi certamente igual; umas mais fáceis que outras. Adversários mais fáceis que outros. É mesmo assim. Mas há algo que é diferente agora: a tua experiência, jogador!
Já jogaste hoje mais jogos que na última mão que te calhou. Olha bem para os trunfos que tens contigo. Talvez alguns não estejam nas cartas, mas sim, no jogador. Esquecemo-nos muitas vezes disso.
Mas embora a vida dê cartas, somos nós que escolhemos como as jogar. Somos nós que escolhemos se sacrificamos um ás, para melhor jogar à frente.
Ou se no agarramos à sensação de que a vida dá cartas e tudo controla.
Joga!
© Isa Lisboa
