
Foram anos de investigação, anos de desânimo.
Na anterior pandemia Covid19, esta pandemia veio ao de cima de forma alarmante. Na verdade, esta doença já existia há muitos anos, mas a humanidade parecia adormecida a ela.
Via-se, no entanto, alguma esperança. Nem todos pareciam ter sido acometidos desta fatalidade invisível e aparentemente assintomática.
Notou-se com o coronavírus, na indiferença às mortes, indiferença igualada à registada face ao aumento da pobreza. Duas tragédias que andaram de mãos dadas, mas que poucos viam, entrincheirados do seu lado das certezas e das soluções únicas.
O mundo cientifico acordou com uma animadora notícia: a vacina há tanto procurada foi encontrada.
Depois de descoberta a vacina para o vírus e atingida a imunidade de grupo, a humanidade começou a aperceber-se lentamente do mal que lastrava entre nós. Escondido, mascarado, desculpando-se com a pandemia.
Aqueles que foram, a custo, mantendo a imunidade decidiram juntar-se. Procuraram cérebros que pudessem ajudar. Alguns deles, eles próprios acometidos pela doença, aceitaram, ainda assim, a tarefa. Seduzidos talvez pelo desafio.
A investigação decorreu durante anos e os primeiros testes foram aprovados no ano passado. Renascia a esperança para o ser humano. A esperança de recuperarmos aquela centelha essencial. A esperança para uma sociedade justa, humana, equilibrada.
Hoje, todas as farmacêuticas do mundo anunciaram que estão prontas para começar a produzir a vacina e a distribuí-la.
Serão primeiro inoculados os mais necessitados. Começarão pelas pessoas com mais altos cargos de poder. Aquelas que mais precisam ser curadas, de forma a começarem a dar o exemplo pelo seu comportamento.
Mas a expectativa é que chegue a todos, até que deixe de ser necessária.
Até que recuperemos a imunidade de grupo, e nos curemos da falta de empatia. Rejubilemos.
© Isa Lisboa