Aproxima-se o final do ano e, como tal, marca-se o final de um ciclo. A ideia de final de ciclo é comum numa passagem de ano. Geralmente temos tendência para fazer uma retrospectiva do ano que passou e tomar as famosas resoluções para o ano seguinte. Para melhorar tudo aquilo que correu menos bem.
Este ano, dizem as correntes místicas, encerra vários ciclos. Um de 9 anos, segundo a numerologia (2+0+1+6=9). Um novo ciclo, 1, um novo início, espera-nos em 2017. Um de 36 anos, segundo a astrologia, em que o astro regente deixará de ser o sol e passará a ser Saturno. Passaremos de um ciclo regido pela individualidade, eu sou o centro (tal como o sol o é do sistema solar) para um ciclo regido por um planeta que nos pedirá mais amadurecimento e mais trabalho interior.
Em ano de tão grandes fins de ciclo, parecem soprar ventos favoráveis a que encerremos capítulos da nossa vida, para que outros comecem.
Temos facilidade em comer as doze passas pedindo um desejo por cada uma. Um desejo de algo novo. Mas assim como a memória não é elástica e, para que novas memórias se instalem, outras terão que ser substituídas, assim também acontece na nossa vida a outros níveis. Para que coisas novas entrem na nossa vida, precisamos arranjar espaço para elas. E só o conseguiremos se libertarmos o que já não necessitamos mais na nossa vida. Pensem numa gaveta que abrem e encontram cheia. Na outra mão, seguram algo que querem guardar lá dentro. Se tentarem colocar, não vai caber. Ou talvez até ainda caiba, mesmo mesmo à justa. Mas aí tanto esse novo item como os anteriores, ficam sem espaço, demasiado juntos uns aos outros. De cada vez que tentarem abrir a gaveta, travarão uma luta com os objectos que querem sair. E uma luta ainda maior travarão ao tentar fechar de novo a gaveta. Como se aqueles objectos – que estavam tão juntinhos e cabiam à justa – tivessem aumentado de tamanho e quisessem sair.
Também a minha vida já teve momentos em que se encontrava como essa gaveta. Atafulhada. Agarrada àquilo de que já não precisava, mas a querer coisas novas. É fácil perceber que, um dia, não se consegue arrumar mais nada. Felizmente, consegui arrumar a tal gaveta antes que o espaço fosse irrespirável.
E não pensem que agora está sempre tudo arrumado, impecável. Não está. Mas é tão mais fácil respirar, agora que o espaço é maior, agora que aprendi a libertar.
Neste fim de ciclos, dou por mim a pensar no que preciso agora libertar. Algumas coisas são mais difíceis de deixar ir. Por vezes não sabemos como o fazer. Se deixamos ir, dói. Se deixamos ficar, dói.
Então olhei para trás e percebi que um dos pilares que me ajudou a libertar-me de situações dolorosas foi a gratidão.
A gratidão é uma palavra que contém muita beleza. E, quando a sentimos enchemo-nos de paz e de leveza. Diz um outro princípio místico, da filosofia reiki, “Só por hoje, sou grata(o)”.
Se pensarmos bem, com a mente sem “pré-conceitos”, todos os dias conseguimos encontrar um motivo pelo qual sermos gratas(os). Talvez seja um detalhe “apenas”. Mas no nosso dia são-nos oferecidos pequenos momentos de felicidade. Um sorriso. O sol que desponta e nos traz um pouco de luz. Uma palavra simpática. Um gesto inesperado de alguém. Uma palavra de força. Na confusão do dia-a-dia, nem sempre prestamos atenção a esses pequenos, mas grandes, motivos de gratidão. Principalmente quando estamos focados na fila de trânsito, no metro que parou, na chuva, no ar carrancudo da pessoa que passou, etc, etc, etc…. Mas esses momentos existem, e podemos vê-los quando começamos a ver.
Encontrados estes pequenos momentos de gratidão, chega o mais difícil. Porque descobertos estes momentos, é fácil ser grata(o) por eles.
Mas e ser grata(o) aos maus momentos, às dificuldades, àquelas alturas em que parece que a vida nos atira para o chão e nos dá uma valente paulada… Por esses momentos, e pelas pessoas que os possam ter protagonizado, é muito difícil sentir gratidão. Não é, de todo, esse o primeiro sentimento que assalta quando as recordações vêm.
Mas porquê sentir gratidão pelo que de mau nos acontece? Porque “aquilo” nos ensinou algo. Por vezes é difícil perceber o que foi, mas se formos ao fundo do tema, conseguimos perceber. Conseguimos perceber quem éramos naquela altura e quem somos depois que ultrapassámos aquele mau momento. E na diferença entre essas duas “pessoas”, percebemos no que foi que evoluímos e no que foi que mudámos e o que aprendemos. Em quê somos melhores pessoas e mais leves e mais felizes.
E porque precisámos passar por uma situação má para aprender, perguntam vocês?
E conseguiriam ter mudado e aprendido se a vida não vos tivesse dado esse apertão, pergunto eu?
Por outro lado, se não vêm diferença alguma, pode acontecer que realmente nada tenha mudado. Também pode acontecer que a mudança vos tenha tornado pessoas mais fechadas, mais amargas e mais infelizes. Quando uma dessas coisas acontece – acredito eu – a vida volta e volta, e continua a dar-nos a mesma paulada até que tenhamos aprendido o que precisamos. A vida é um professor que nunca desiste dos seus alunos.
E com estes pensamentos, aqui estou, à beira deste fim de ciclo(s). Pronta para cometer novos erros e levar novas lições da vida, certamente. Mas também pronta e decidida a deixar para trás os antigos erros e para guardar as lições aprendidas.
E expectante quanto ao que os novos inícios me reservam.
E venham bons feelings! 😉
© Isa Lisboa
Olá Isabel! Li atentamente o seu texto reflexivo e de balanço do ano que passa. Nada a dizer, para além da concordância de que somos, todos, seres imperfeitos e de carências diversas. Desconheço a influência dos astros, embora as aceite num contexto magnético e universal. Estará tudo ligado por razões desconhecidas da ciência e só admitidas pelas noções da alma invisível. Acreditar ou não depende de cada um. Mas, os ciclos de que fala, são tão naturais como as substituições da nossa própria genética. Na verdade a substituição das nossas células, ao longo da vida, faz com que eu seja diferente de há uns quantos anos atrás. Se sou melhor ou pior dependerá das tais aprendizagens que refere, talvez não dadas pela experiência, mas mais pelos novos conceitos de vida assimilados. Diz o povo que quem nasce torto tarde ou nunca se endireita ! A verdade desta afirmação pode ser contestada, mas poucos se interessam por isso: segue-se em frente para o ciclo seguinte. Em resumo, todos pretenderemos novidades e felicidade para o ano novo. É incontestável que mesmo o mais pobre e humilde deseja que o dia seguinte possa ser melhor. Mas lutamos por causas subjectivas, na maior parte das vezes! O que todos queremos, no fundo, é o conforto das nossas vidas e o alimento das nossas mentes. Consegui-lo é a luta de seculos, morrendo e matando em nome de causas de outros. Somos demasiado desligados das vidas reais, embora unidos pelos tais fios invisíveis da alma universal. Desejando mais conseguimos menos, porque nós agarramos à matéria física de bens perecíveis e ilusórios, perdendo a noção que somos espírito, antes de tudo o mais. Casa, carro, bens materiais de conforto,: objecto das vidas comuns. Cultura, amor, natureza: suplementos de vida ! Tudo ao contrário, tudo um erro de conceito de vida. E assim vai continuar, passem os anos e os ciclos que passarem. É da natureza humana e dos “programas” de vida implantados pelas conquistas do homem sobre o homem. Que fazer? Só posso desejar, a si e a mim, um ciclo positivo, seja ele qual for porque, em matéria de futurologia, não sou especialista! Bom ano novo!
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Obrigada João, pela sua reflexão! Reflexão que, como me habituou, acrescenta novas visões ao que escrevi. Não sou também perita em futurologia, mas acredito no melhor de todos nós! Por isso, acredito que o ano que nos espera será pelo melhor! 🙂 Um abraço, Feliz Ano Novo!
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É isto! Feliz 2017! ❤
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Feliz 2017! 🙂
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Grata por esta leitura!😉
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🙂 Obrigada pela leitura!
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Essas fotos dão um digno quadro! A primeira já parece uma obra consagrada.
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Obrigada pela visita, Tiel!
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