
Foto: Kawika Singson, Men at Sea
Irmã-Água
Oiço-te
Sei-te plácida a correr nos regatos
E de voz poderosa
A descer das cascatas
Como me sabes cantar
A estas facetas da minha alma
Que em mim giram
Se cruzam
Se tropeçam por vezes
Por eu não as saber entender
Ver em toda a sua plenitude.
Oiço-te harmoniosa
Chamas-me.
Porquê resistir? Não sou livre
Mas quero ser
E tu, minha irmã
Hás-de ensinar-me a ser como tu
A correr ao longo das margens
A contornar os seixos
Mas a galgá-los decidida
Quando preciso for.
Hás-de ensinar-me
A ser rio a correr para o mar
Ser água que procura água
Doce que não tem medo do sal
Sabes que se completam
Que na essência serás sempre
Tu
Água pura, livre e cristalina
Liberta-me
E assim também serei eu!
© Isa Lisboa