Estava eu a seguir em frente, já quase sem pensar.
E então ouvi a voz, daquelas no nosso ombro. E logo de seguida, outra ainda, como que a responder-lhe.
“Pára e escolhe uma curva!”, dizia-me uma. “Continua, estás bem”, a outra.
“Não, não estás, sabes que não é esta a estrada que queres seguir, sabes que em frente não é a tua direcção”; “
É sim, nunca ouviste dizer que para a frente é que é caminho?”
“Tu sabes que não é, sabes que caminhas por hábito. Não é a tua natureza, precisas de descoberta”
“Descobertas? Ora, onde é que isso te levou antes?? Na realidade, o que encontraste?”
E então, parei…
E na realidade, parecerá que nada encontrei nas minhas descobertas, mas quando olho o caminho para trás, vejo-me de novo como exploradora e sinto saudades da minha mochila de nómada.
Decido então encarar o medo, digo-lhe olhos nos olhos que vou com a coragem.
Como medo que era, calou-se ao primeiro olhar decidido e ali ficou, na berma da estrada, talvez à espera de outro transeunte.
© Isa Lisboa