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Sonhei que, de repente, ficava com os meus cabelos todos brancos. Brancos não, cinza. Cinza como os da minha avó. E bonitos como os dela.
De repente, olhei-me ao espelho, na rua, numa montra, e tinha os cabelos brancos.
De repente, até as feições pareciam diferentes. Mas não me demorei nos traços, porque a minha atenção ficou presa no olhar e na serenidade que vinha de dentro.
Acordei e pensei: “será que vou ser assim?”
Essa serenidade, que consigo encontrar, que fica algum tempo, mas não sempre!
Ela demora-se cada vez mais, fica, senta-se, falamos, ou ficamos apenas em silêncio. E sorri, sobretudo sorri.
A mulher dos cabelos brancos também sorria. Mas não era um sorriso que se via ao espelho, era um sorriso de dentro. Um sorriso que se sabia, sabes?
Eu sei. Às vezes sei. Nem sempre. Às vezes também choro. Mas já sei sorrir aquele sorriso.
Apetece-me passar as mãos por aquele cabelo, fazer um afago no rosto daquela mulher.
Mas é ela que me afaga a mim. É ela que me encoraja, não desistas, tu sabes. E eu sei.
Eu sei que um dia vou ter cabelos cinza, olhar-me no espelho e sorrir. Com um sorriso que vem de dentro.
Sabes?
© Isa Lisboa
Post Scriptum:
Bem vindo, Setembro!