Para quem não sabe falar inglês, deixo um pequeno resumo do vídeo acima:
Trata-se da história de um casal, em que o homem pergunta à mulher se pensou no seu pedido de casamento. Ela responde-lhe que não pode casar com ele, porque é cega, e porque quer ver o futuro de ambos juntos. Ela diz que precisa ter os olhos dela.
Na cena seguinte, é a mulher quem vai ter com ele, e muito feliz, diz-lhe que poder ver é a sensação mais fantástica do mundo. Ele pergunta-lhe se agora ela já pode casar com ele e abraça-a, desajeitadamente. Nessa altura, ela percebe que ele não vê e, revoltada, diz-lhe que não pode casar com alguém que é cego e sai.
Numa terceira cena, ela encontra por acaso um envelope, ao arrumar as coisas da mesa. Dizia na parte de fora “Para quando tiveres os teus olhos.”. Ela abre o envelope e dentro tem, assinado pelo ex-namorado, um bilhete que diz: “toma bem conta dos meus olhos”.
Como o comentador, Jay Shetty, explica de seguida, este vídeo não é sobre cegueira física, mas sim sobre cegueira emocional. Sobre a forma quando julgamos as pessoas, especialmente quando a nossa situação muda para melhor e não conseguimos ver o outro lado, o lado do outro.
Este enquadramento fez-me sentido, mas não consegui deixar de ficar a pensar um pouco naquilo que o homem fez. E não consegui deixar de sentir que também ele errou. Talvez vos pareça estranho, visto que, afinal, é ele a vítima desta história, o injustiçado…
Mas, olhando mais de perto, vejo que ele abdicou de uma parte essencial dele mesmo para que outra pessoa se sentisse completa. Abdicou de uma parte essencial dele próprio, para a dar a uma pessoa que não se amava a ela própria da maneira que era. Por isso, pergunto-me, não seria ele também cego emocionalmente? Pois como poderemos fazer os outros inteiros, se nós próprios estamos despedaçados?
© Isa Lisboa