Sempre fui diferente. Por várias razões que não irei hoje explorar.
Mas por ser diferente, também sentia, da parte de algumas pessoas, uma reacção diferente.
E isso, para mim, era difícil. De alguma forma, sentia que me estava a ser negado o direito de ser quem era.
Nada mais errado! As reacções exteriores a nós nunca nos impedem de sermos quem somos, apenas as interiores o fazem.
É verdade que todos queremos aceitação por parte dos nossos pares. E isso é humano. Mas também é certo que a aceitação parte de nós mesmos. A partir do momento em que tu te aceites, verdadeira e completamente, então a opinião dos outros sobre ti passa a ser aquilo que verdadeiramente é: uma visão alternativa sobre ti. Uma visão com a qual tu podes discordar completamente ou com a qual podes até concordar. E, se concordares, está nas tuas mãos mudares aquilo que em ti ainda não és tu.
Vou dizer-te uma coisa que é ao mesmo tempo fantástica e assustadora: a partir do momento em que te aceites completamente, sem julgamentos, apenas com a consciência do que em ti é bom e é mau; a partir desse momento, és livre!
E quando te souberes livre, verás que não és diferente, que és apenas e simplesmente tu. Diferente será apenas um adjectivo, que por vezes ouves aplicado a ti. Mas que já não será um não, um gesto de exclusão, uma mão que te empurra para fora da fronteira (que não existe).
O que antes ouvias como um grito dirigido a ti, passas a entender como um grito de defesa. Porque quem ataca quem é diferente, defende-se. Atacamos quem é diferente porque temos medo. Quem é diferente lança dúvidas sobre as nossas (in)certezas.
E das nossas dúvidas, achamos que devemos defender-nos. Até percebermos que a dúvida é apenas uma porta. Podemos abri-la e descobrir novos caminhos. A trilhar. Podemos abri-la e fechá-la definitivamente, agora sem incertezas. Seja como for, a pergunta trará uma resposta.
Depois de girares, então, a maçaneta de conheceres o que em ti é diferente… quem sabe, talvez percebas que, afinal, estás apenas a viver.
E a ser!
© Isa Lisboa
Este texto é particularmente interessante Isa. Eu costumo dizer que fui educada para ser minoria. Fui ensinada a pensar pela minha própria cabeça e se necessário remar contra a maré. Fui ensinada que só devia de ouvir uma voz, a da minha consciência. Ela dita o que é bom ou mau, por isso também sempre fui “diferente”, mas isso nunca me incomodou, pelo contrário sempre usei a minha “diferença” com orgulho, mas o seu texto fez-me essa diferença de uma perspectiva diferente. Fez-me pensar que eu sou realmente uma pessoa livre, eu não preciso de estar bem com os outros, basta-me estar bem comigo, por isso posso trilhar os caminhos que eu quero, posso cair e levantar-me sem ter “medo” do que os outros digam e nos tempos que correm isso é uma grande, uma enorme mais valia.
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🙂 Sim, é algo difícil de “desprogramar”, a ideia de que temos que nos justificar por…sermos quem somos 😉
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