Olho-te
E toco-te:
Dentro de ti
Corre a seiva
Que transporta a vida
Protegida pelos aros
Seculares
Onde se guardam
Memórias
De quem viste dançar
Ouviste cantar e rir
De vislumbre de olhos
Que, sorrindo, se amaram
Também de lágrimas, talvez
De sangue derramado
Quem sabe;
Terás visto tantas paixões
Desta humanidade
Talvez não compreendas todas
Ou as vejas até
Com mais clareza.
Aceitaste tanto a água
Como o sol
O sangue como os afagos
Todos transmutaste.
Te fizeste Vida
Imponente
Impassível à tempestade
De braços abertos ao sol
Sorrindo
Aos homens que passam
Ainda que o não saibam
Ou o não queiram
Tu sabes
O ritmo do Céu, da Terra, do Mar
Sabes que é igual ao teu
Ao meu
Ao nosso
Indivisíveis.
Abraça-me, peço-te
Embala-me, o teu braço é forte
O teu canto suave
Sabe cantar-me
Tudo o que já fui
E o que serei
E diz-me apenas:
“Sê!”
© Isa Lisboa