As águas do rio correm violentas. Mas correm para a frente, não posso resistir-lhes. Não quero.
O tempo de estar sentada na margem do rio foi. Mas já não é mais. Há sempre um tempo. Um tempo para cada lugar.
As águas do rio assustam, sei que não as conseguirei controlar, talvez me atirem de uma margem à outra, ao longo do caminho. Talvez me atirem aos seixos do fundo. Mas seguirei. Estou decidida.
Vou chegar, não sei onde, o rio é que sabe. Ao mar, certamente, mas não sei a qual.
Só me interessa que poderei então provar o sal.
© Isa Lisboa

Imagem: Alexey Zaycev