Uma vez percorrido o Caminho do Eu, temos tendência a achar que a viagem foi cumprida.
Mas assim como o rio que atravessamos hoje não será amanhã o mesmo, também este Caminho muda após feita a primeira viagem.
É um Caminho que devemos atravessar uma e outra vez, libertando novas camadas de quem não somos. Ou descobrindo novas manifestações de quem somos.
Aceitar a jornada nem sempre é fácil, e mais difícil é perceber que só no silêncio interno podemos encontrar o percurso a seguir.
Habituados a tudo planear, custa aprender a deixar a Sabedoria da Vida fluir e tomar conta de nós.
Resistimos, queremos categorizar em certo e errado. Queremos categorizar-nos em certo e errado.
Mas só quando aceitamos que o que é É, É, só aí o Caminho se abre. Só aí nos conseguimos ver plenamente, sem julgamentos, esquecidos do pecado da imperfeição.
Despidos de expectativas, sobre nós e sobre o Mundo, estamos então leves o suficiente para percorrer o Caminho.
Para nos libertarmos das camadas protectoras, por debaixo das quais a nossa verdadeira voz se esconde, amordaçada.
E, passo a passo, a nossa Voz voltará a ouvir-se.
Nós voltaremos a ouvir-nos.
© Isa Lisboa

Imagem: Swan song, by Zena Holoway