Expectativas, de quem são vocês?

Há alguns anos atrás, fiz algumas alterações de visual.

Primeiro, comecei por pintar o cabelo de acobreado, uma mudança às madeixas loiras. Depois cortei o cabelo a mais de metade do tamanho. Finalmente, decidi acrescentar ao acobreado algumas nuances de uma potente cor alaranjada.

Esta última foi a que me fez agora ter vontade de escrever. Porque, como imaginarão, nem toda a gente reagiu com naturalidade à mudança.

Uma das reações mais duras que tive, foi por parte de uma pessoa que me disse que ficava feia com o cabelo assim. Foi duro, não pelas palavras em si – que na altura já não tinham o peso de há alguns anos atrás – mas por essas palavras me terem sido ditas por uma pessoa próxima.

Entendi, ainda assim, que as palavras foram ditas a partir do mundo da pessoa. Um mundo em que as pessoas não nascem com reflexo alaranjado no cabelo. E, por isso, não faz sentido alterar o cabelo para essa cor.

Integrei essa observação, tendo ainda mantido o laranjinha durante um tempo, voltando ao “simples” acobreado.

O ano passado pintei o cabelo de um acobreado bastante escuro. Também este uma grande mudança.

Desta vez, a reação veio de uma outra pessoa, mas o seu conteúdo foi bastante semelhante: “Essa cor não te fica nada bem, nem posso olhar para ti!”

Esta observação foi feita por uma das pessoas que, anos antes, me encorajara a mudar de cor do cabelo. Mas, desta vez, eu não mudei para uma cor de que ela gostasse.

Neste momento, já há vários meses que não pinto o cabelo e estou a deixar que volte a aparecer a minha cor natural.

Adivinharam, também desta vez obtive já críticas, porque esta não é a cor que me fica bem.

O que todas estas observações têm em comum é que são baseadas naquilo que cada uma dessas pessoas gosta, ou que acredita que é o que me fica melhor.

Esta história que estou a contar ilustra a velha máxima de que não se pode agradar a gregos e a troianos. E, por vezes, lembro-me dela, para recordar a mim mesma que há uma pessoa a quem devo pedir opinião em primeiro lugar: a mim mesma. Depois, poderei ouvir todas as outras opiniões que valorizo e que acho que podem ajudar-me. Mas, no final, devo sempre voltar-me para mim mesma e para o meu espelho e decidir qual é a cor de cabelo que quero ter neste momento.

E assim vale para cada momento da vida.

© Isa Lisboa

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